Um sorriso no coração

Porque sempre foi insegura.
Porque sempre teve dificuldade em se abrir.
Por mais que quisesse, sempre fugia das situações em que precisava se expor. Idealizava amores, relações. Sentia saudade de coisas que não viveu.

Até que o conheceu.

Ele foi se chegando devagarzinho. Não invadiu o seu espaço.
Parece que percebeu que ela tinha que ser tratada com delicadeza.

Não forçou a barra. Ficou amigo.
A frequência das conversas aumentou a ponto de não se passar um dia sem que eles se falassem.
Mas ainda assim ela guardava dúvidas.

Porque sempre foi insegura, não queria admitir que aquele rapaz estava, aos poucos, ganhando espaço em seu coração.
Porque sempre teve dificuldade em se abrir, ela procurou desculpas para não se envolver. As mais vazias, as mais bobas, as mais improváveis.
Ela queria, mas fugiu dele durante um tempo.

Só que ele não desistiu. Permaneceu por perto. Ali, sem forçar a barra.

Um dia ela percebeu que a insegurança a impedia de viver. E, que mesmo tendo dificuldade em se abrir, se ela não enfrentasse a si mesma, viveria de amores incompletos. Ficaria sozinha para sempre.

Decidiu que não merecia sentir saudade das coisas que nunca viveu. Abriu uma frestinha de seu coração e tentou a sorte com ele.

Porque sempre foi insegura, demorou a se sentir confortável em seus braços.
Porque sempre teve dificuldade em se abrir, nem imaginou a possibilidade de uma transa durante um bom tempo. Mas de novo se enfrentou. E um dia cedeu à vontade irresistível de estar com ele.

Nunca tinha pensado que poderia ser assim: em nenhuma das outras vezes em que esteve com um homem sentiu seu coração bater tão forte.
Nunca tinha se enxergado através dos olhos de alguém, e se viu bonita, atraente, sensual: tudo o que achou que nunca seria.

Quando tudo terminou, ela manteve os olhos fechados. Tinha um sorriso nos lábios, mas medo de abrir os olhos, acordar e descobrir que ele não estava ali do lado dela. Queria ouvir as batidas de seu coração, sentir o corpo dele, nu, encostado no seu - mas não queria abrir os olhos, para reter todas aquelas sensações em si.

Porque sempre foi insegura, teve medo que tudo fosse imaginação.
Porque nunca quis se abrir de verdade, não sabia o que fazer com todo aquele sentimento que lhe invadia a alma.
Dominou todos os pensamentos e adormeceu assim, aconchegada no peito dele.

Acordou e, antes mesmo de abrir os olhos, teve que conter o turbilhão de dúvidas que acordaram com ela. Despediu-se dele cheia de vontade de ficar mais um pouco e, quando chegou em sua casa, já morria de saudade.

Resolveu se abrir e contar-lhe a verdade. Mandou um torpedo dizendo que sentia sua falta e que há muito tempo não se sentia assim. A resposta dele foi a mais linda que ela poderia receber:

Minha querida, hoje tô com um sorriso nos lábios. Meu coração tá sorrindo. Minha alma tá sorrindo. Tudo por sua causa. Tb já tô com saudade. Nos vemos à noite? Bj.

Por ele, deixou de ser insegura. Porque teve coragem, se abriu para o amor e encontrou a felicidade.

Finalmente, parou de alimentar a saudade de coisas não vividas.

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