Um punhado de coisas sobre mim

Convidada pela linda, querida e bicicleteira Clarice, entrei naquele joguinho de escrever coisas que quase ninguém sabe de mim. Ela me pediu 10 itens, só que já viu né, a criatura é prolixa demais, me alonguei, então virou um texto pro blog! :)

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1. Nasci prematura, um mês antes do tempo previsto. Sou paulista, paulistana, nascida no dia do aniversário da cidade (25/1), na Maternidade S. Paulo. Tá bom pra você?
Mamãe queria me chamar Vanessa Andréa, uma tia dela dizia que eu devia me chamar Paulínia, mas escapei e virei Tassia Tatiana. Daí, o Tatá, ou Tata, como a família me chama. A d. Inês, minha mãe, diz que no dia em que nasci - um sábado, em que aconteceria o GP Brasil de fórmula 1 - estava um sol "daqueles", e as luzes na sala de parto nem foram acesas. E olha que eu nasci às 18h40, não era horário de verão... acho que é por isso que eu sou absolutamente solar e tenho um bode danado de dias nublados.

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2. A única doença de criança que eu tive foi catapora. Em compensação, com um ano quase morri devido a uma desidratação severa.
Aos 11, fui atropelada e minha mãe viu tudo do outro lado da rua. Fui jogada na altura dos fios de eletricidade, quando caí ralei a cara inteira (tomei trocentos pontos), mas não quebrei nenhum osso (só o dedão do pé esquerdo, pode?) e fiquei com cicatrizes mínimas no rosto, a ponto de ninguém perceber se eu não falar. A coisa foi tão séria que até hoje morro de medo de atravessar rua e a coitada da minha mãe chora quando vê cena de atropelamento em filme... a família brinca que eu não tenho um anjo de guarda, mas uma legião inteira pra me guardar!
Ainda no item "matei meus pais de susto": sou superalérgica a aspirina e quase morri com um melhoral infantil quando era pequena. Com 16, tive um choque anafilático (e até hoje não sei o que foi que provocou) e por muito pouco não tive que ir tomar adrenalina no hospital. Punk - essa injeção é direto no coração. Não gosto nem de lembrar.

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3. Sou o resultado de uma mistura danada de povos. Do lado do pai, descendo de espanhois. A minha avó materna era filha de sírios e o vô materno filho de portugueses. Hoje só tenho a avó paterna viva, mas gosto de lembrar coisinhas dos velhinhos que já foram:
- meu vô Tonhão (pai da mãe) me chamando de "minha loira" - eu era clarinha quando pequena - e me enchendo ao cantar "O menino da porteira" (sei lá porque eu ficava brava com ele quando o ouvia cantar e, com o tempo, a música virou uma brincadeira entre nós);
- o quibe ma-ra-vi-lho-so que minha vó Flor fazia, e eu nunca mais comi um tão gostoso depois que ela morreu (e, claro, minha devoção a Santo Expedito, que herdei dela);
- e meu vô Chicão, pai do meu pai, falando que eu tenho a testa e os cabelos da mãe dele, e me elogiando depois da primeira viagem de carro que fez comigo ao volante ("fia, cê dirigiu muito bem na estrada, o vô tá orgulhoso").
São coisas pequeninas, mas que os mantém vivos comigo, no meu coração. E eu poderia ficar horas relembrando diversos detalhezinhos desses...
Com minha vó Izaura, que tá firme e forte aos 88, aprendi meus dotes "artísticos": tricô e crochê (só o básico) e bordado (sou fera no ponto cruz). Mas sou absolutamente incapaz de embrulhar um mísero pacote de presente, tarefa em que minha irmãzinha Tallia arrasa.

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4. Aprendi a ler e a escrever com 5 anos. Por conta disso, meus pais precisaram conseguir uma autorização especial pra me matricular na 1ª série aos 6. Minha madrinha foi minha professora nesse ano e também na 2ª série e, por isso, meu vô Tonhão me trollou até eu me formar na faculdade, dizendo que eu "só tirava nota boa porque a Má ajudava".
A vida toda eu fui adiantada em relação aos meus colegas de classe. Fiz minha matrícula na faculdade um dia depois de completar 17 anos, e me formei aos 20 (completei 21 uns dias antes da festa de formatura). Lado bom: com 25 terminei a segunda faculdade. Lado ruim: sempre fui responsável demais porque convivia com gente mais velha o tempo todo. Chato isso.
Como todo mundo, um dia tive um ataque e achei que estava na profissão errada. Resolvi que não queria mais esse negócio de comunicação, e fui estudar massoterapia. Resultado: um ano e meio depois, eu tirei o certificado de técnico massoterapeuta, mas recebi uma proposta superbacana na editora, onde já trabalhava, e não saí. Acabei nunca botando em prática a ideia da massagem.
Hoje, estou frilando, mas descobri que não tem jeito, não: tenho mesmo que viver desse negócio de escrever.

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5. Já pintei o cabelo de todas as cores: fui morena, loira e hoje estou ruiva; não tenho nem um pingo de medo de mandar cortá-lo, porque meu cabelo cresce horrores. Não gosto dessas unhas moderninhas que se usam agora, porque acho que não têm nada a ver comigo. Nunca usei cílio postiço - mas morro de vontade - e, apesar do 1,73m, eu uso salto sim (e all star também). Nunca fiz progressiva porque adoro meus cachinhos, gosto de brincão, colar, pulseira e anel, mas às vezes não uso nada, nem maquiagem. Tenho tara em bolsa.
Nesse ano de 2013, pela primeiríssima vez na minha vida, eu comprei uma bota de cano alto: nunca pude usar uma porque não fechava na minha perna e, agora, como emagreci, já "tô podendo". \o/

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6. Não sei nadar e, por isso, até hoje não me animei a realizar uma vontade: fazer mergulho, apesar de todos dizerem que não é necessário saber nadar... mas fico mega insegura, vai que dá uma zica bem na minha vez?
Finalmente estou realizando o sonho antigo de estudar música, e muita coisa já não me parece mais alemão. Também já consigo ouvir as gravações da minha voz sem querer desencarnar...
Acho que eu gostaria de aprender a dançar tango ou flamenco. Ou os dois. Mas na minha cabeça maluca tenho de emagrecer mais um cadinho antes de arriscar.
Curto ouvir música alta no carro quando dirijo. Alto, bem alto. Tão alto que nunca escuto quando meu celular toca (né, mãe?). E tenho mania de cantar e dançar se toca uma música que gosto - me divirto horrores com as caras dos carros vizinhos me olhando. Tô nem aí.

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7. Sou superbagunceira. Super, super, super. Meu armário dá vergonha. Mesmo. Em compensação, sou muito organizada no trabalho. Se eu não organizar minhas ideias, não consigo trabalhar. Dá pra entender?
Só tirei habilitação aos 21 anos. Pensei que não valia a pena aprender a dirigir se não tinha carro... e aí só fui aprender porque ganhei um carrinho de presente de formatura da faculdade.
Tentei usar lente de contato na adolescência e não consegui. Tentei usar aparelho na adolescência e não consegui. Depois de adulta, graças aos céus inventaram uma lente de contato gelatinosa própria pra gente com astigmatismo e miopia (eu, no caso) e fui obrigada a passar um ano e meio de aparelho nos dentes (ugh) graças a um problema na articulação do maxilar. Tenho bruxismo (ranjo os dentes dormindo), falo enquanto durmo e há um tempo já, venho sofrendo de insônia. É horrível, porque eu continuo sentindo muito sono, mas não consigo dormir. Vira e mexe, vejo o dia clarear.

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8. Sou apaixonada (apaixonada, com letras maiúsculas) por maracujá. Sempre peço suco dessa fruta nos lugares e invariavelmente escuto de quem está perto "nossa, não te dá sono?". Não. Já fiz uma promessa e, como fui atendida, passei seis meses sem comer ou tomar nada de maracujá. Nem uma balinha. Sofri, viu?
Adoro chocolate amargo. Não gosto de chocolate branco. Gosto de tudo quanto é verdura, inclusive catalônia, rúcula e agrião. Mas detesto tomate, só como se estiver bem verdinho.
Se você for a um restaurante japonês, me chame. Ninguém na minha casa gosta e nunca tenho companhia pra ir a um rodízio comigo. :(

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9. As pessoas me julgam "dondoca", e eu nunca entendi o porquê, pois sempre me considerei meio largada e informal. Enfim. O fato é que sei cozinhar (muito bem, modéstia à parte), prefiro mil vezes um boteco a uma balada e um milhão de vezes encontrar os amigos do que estar "em evidência".
Sou chata pra caramba, meticulosa, insegura (e bote terapia nisso), mas se você me conquistar de jeito, eu sou um docinho. Adoro abraço, beijo, cafuné, conversa (ah, vá!), troca de ideias, experiências... Detesto gente que ostenta, arrogante e vazia. Gosto de gente - de todo tipo, tamanho, cores e formas, quanto mais diferente, melhor. Acredito firmemente que a diversidade é que nos faz crescer e que o melhor jeito de tornar alguém responsável é enchê-lo de liberdade. Liberdade na veia faz a gente entender que ninguém, a não ser nós mesmos, somos responsáveis por nossas vidas e pelas consequências de nossas escolhas.

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10. Não sei fazer as coisas se não for me doando inteira e integralmente. Comigo não tem "mais ou menos", "meia boca" ou "tá bom assim". Ou é tudo, ou vou refazer. É um sofrimento danado, porque sempre acho que posso fazer mais, e chega uma hora em que tenho que abrir mão e admitir que fiz meu melhor. Já aprendi a fazer isso de uma maneira menos sofrida, mas ainda assim é duro, viu.
Já confiei demais em quem não devia e pulei muito de cabeça em relacionamento furado. Isso me fez aprender a chegar de mansinho nas pessoas e ir abrindo as minhas janelas e portas aos poucos. Choro até em comercial e em trailer de cinema, mas sou bocuda ao extremo... quando perco a paciência, dou uma paulada, que o outro perde até o rumo de onde está.
Minhas decepções demoram a chegar, mas são imensas, e só não batem o tamanho do meu amor pela minha família, pelos meus amigos e, claro, meus amores, que me inspiram, me tiram o sossego e, ultimamente, têm me tirado o sono. [dica: procure não perder o meu afeto. Vai ser bem difícil reconquistá-lo]
Hoje, continuo dando cabeçada aqui e ali. Rindo e chorando, mas sempre tentando sempre lembrar daquela menina quietinha das tranças compridas, que gostava de ler Monteiro Lobato e inventar historinhas. Aquela pequenininha que tinha vergonha de mostrar suas histórias pros outros, hoje fala de si de boa e se disseca por completo aqui, pra VOCÊ, leitor, ver. Quem diria... :)

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