O barulho da chuva não precisa de explicação

As batidas do coração não precisam ser traduzidas. Porque gritam quando meu amado se aproxima.
O brilho no olhar não tem necessidade de ser revelado: seus olhos, querido, transbordam a doçura que você guarda, há tempos, no fundo da alma.

Não há do que se ter medo: 'a vida pede coragem', dizia Guimarães. 'O amor pede coragem', eu completo.

Porque, às vezes, tudo o que precisamos é fechar os olhos e saborear o gosto da música.
Tatear o vento.
Sentir o cheiro do cabelo e da pele dela, sentada no carro, do seu lado - ao alcance de suas mãos.
Contemplar meu reflexo, linda, nos olhos dele.
Escutar a chuva. Saber que o outro também a escuta - e a recebe com a mesma alegria que você.

Ser par no silêncio.
Mãos dadas no sorrir.
Eco no sentir.

Compartilhar verbos: entrelaçar, beijar, acariciar; roçar, despir, abraçar; lamber, rir, gemer; gritar, gozar, suspirar, aconchegar, dormir. E acordar. Juntos, por dias. Por meses a fio.

Estar: amar.

Sem medo. Sem pudor. Sem meias palavras.

Não se iluda, lindo: ela vai mudar. Ele, minha querida, também. E por que isso não seria bom? Cresçam juntos - ou separados, mas façam uma história. De meses, ou de anos, mas de vocês. A sua história.

Aquela, que vai lhe trazer um sorriso no rosto sempre que você a recordar. O homem que ainda lhe provoca arrepios; a mulher que ainda lhe faz transpirar.

É o perfume que lhe traz recordações sutis, o lugar em que vocês sempre se beijavam, a música que a fez sorrir para você pela primeira vez - e que até hoje, amor, o faz ter vontade de chorar.

A sua história. Aquela em que você esteve - ou, se for abençoado e sortudo, ainda está.

Viver desenfreadamente. Sem pausas pra respirar.

Sem meias palavras, sem pudor, sem medo. Porque amar - ah, o amor! - não precisa de garantias, muito menos de explicação.

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