Eu me lembro

Eu me lembro.

Me lembro do dia em que o vi pela primeira vez. Sério, olhar fugidio, não dei mais do que um "oi" rápido e fugaz. Não ouvi sinos. Não vi estrelas. Não senti borboletas no estômago. Nada, nada. Não dediquei mais do que dois segundos e um meio sorriso para registrar sua presença.

Eu me lembro.

Quando começamos a ficar amigos. Quando sua presença já não passava despercebida para mim. Quando já o recebia com um sorriso no rosto e um abraço forte em nossos encontros.

Quando comecei a descobrir nossas coisas em comum. As (várias) em que discordamos, também...

Eu me lembro.

Me lembro do dia em que reparei nas mãos dele e como elas são lindas. Lembro que pensei "puxa, mas como eu nunca tinha percebido essas mãos?". Me recordo do dia em que minha amiga me disse "você já viu os olhos dele, que bonitos que são?" - e, desde então, não consigo mais ficar sem me perder naquele poço castanho escuro, profundo e atormentado de seu olhar.

Me lembro do dia em que passei a ansiar pela hora em que nos encontraríamos. Em que meu abraço ficou mais forte ("ah, será que apertando assim ele me percebe?"). O momento em que as borboletas passaram a revoar em meu estômago - aliás, na barriga inteira, pela ponta dos dedos, no rosto, no corpo, na alma - quando eu o vejo. Quando sua risada virou música para meus ouvidos.

Mas não me lembro da hora em que finalmente assumi que estava envolvida de verdade. Acho que não houve um momento: só foi acontecendo, assim, aos poucos. Em doses homeopáticas, fui me encantando, me deixando levar, rindo com ele, descobrindo seus talentos, seu bom humor (haha), sua ironia e suas convicções.

A cada dia, meu sorriso se alargou, as borboletas se multiplicaram e as estrelas brilharam mais... e eu já não paro mais de contar os minutos para encontrar com ele.

Agora, já não lembro mais de mim. Nem de como era a vida antes dele.

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