Hello, Goodbye

"You say yes, I say no
You say stop but I say go, go, go
Oh no
You say goodbye and I say hello"


Eles discordavam em quase tudo.

Ele gostava de solidão e quietude; ela preferia a companhia dos amigos e som alto pra abafar o barulho de seus pensamentos.
Ele era racional. Ela, pura emoção.

Quando nervoso, ele queria mais era ver o circo pegar fogo.
Ela, engolia o sapo, botava pano quente; tudo pra não entrar numa briga.

Ela amava cinema - ele achava meio besta. Coisa, aliás, que ela pensava a respeito de futebol, que ele adorava.
Leitora obsessiva, não cansava de falar de seus livros para ele, que só balançava a cabeça, tímido, pensando na meia dúzia de páginas que conseguia progredir diariamente.

Ela amava poesia. E ele, na maioria das vezes, precisava de um empurrãozinho: era pragmático, seco, irônico demais pra se deixar levar pela curtição poética.

A coleção de desencontros era imensa. A lógica e a razão diziam que, juntos, eles só poderiam brigar. Não se sabe o motivo: seria por que o signo dele era o mesmo que o ascendente dela? Numerologia? Afinidade?

Ou, provavelmente, uma vontade desmedida de contrariar o mundo.

O fato é que um viram, refletidas no outro, as características que não possuíam (ou que julgavam não possuir). Ela se admirou pelo talento e inteligência dele, por seu humor duro e por seus olhos - imensos, doídos, profundos. Ele achava graça no jeito dela, meio inseguro, meio doce, e adorava quando ela contava suas histórias só pra ele. E o sorriso dela...

Eles se encontraram no meio de um mar de improbabilidades.
Se viram e se afeiçoaram, contra todas as previsões: dentre tantas pessoas iguais que poderiam escolher, deram-se as mãos e ficaram amigos.
Em uma lista de razões para não se envolverem, os dois se enfeitiçaram: contrariando o mundo, se entregaram um ao outro.

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