O que falta em você?

Eu te quero.

Quatro sílabas, simples e claras para mim. Pra você, são sílabas complexas, como de outra língua, tão difíceis de pronunciar quanto uma daquelas palavras em russo.

Sabe, eu não concordo 100% com o Tom: acho que dá pra ser feliz sozinho, sim. Mas não dá pra ser feliz solitário. E isso, baby, eu descobri na carne, do jeito mais difícil. Aquele vazio que te dá às 2 da manhã, ou quando você precisa desesperadamente compartilhar uma boa notícia, com alguém que vai vibrar com você simplesmente por te amar.

Nessa hora, nesse minuto preciso, eu descobri que não dava pra me isolar.

Te quero. Aceite.

Quero você a cada vez em que te encontro. Em todas as risadas que compartilhamos juntos. Quero você quando divido minhas coisas com você. Quando você me elogia.

Te quero: simples, claro e direto. As suas mãos - ah, as suas mãos -, o seu sorriso largo, o seu humor ácido, duro, irônico, os seus olhos. Os seus olhos nos meus: tem vezes, querido, que não sustento, me perco, me diluo, esqueço de tudo. Fico surda, não te ouço, não me escuto: só vejo os teus olhos. Eles me encantam.

Às vezes, vejo ali uma sombra, uma dor, uma angústia, um tormento que não combina com o seu resto. Te leio e, agora, você já não consegue mais se esconder de mim. Você muda de assunto, me dá as costas, e eu continuo te lendo.

Você não é quase nada do que me atrai. Ainda assim, eu te quero.

Ontem, você usou a palavra "amigos" numa conversa. Doeu, sabia?

Ontem, o Gabo morreu enquanto eu e você estávamos juntos. E estou aqui, pensando numa frase dele: Um verdadeiro amigo é alguém que pega sua mão e toca seu coração.

Vem, me dá sua mão. Fria, leve, sutil, suave. Me dá sua mão e vem comigo. Porque sim, sou sua amiga e quero tocar seu coração.

Descobri o que te falta: sou eu, como diria aquela música.

Sou eu.

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