Bem-me-quer

Quantas vezes vou ter que te dizer que me sinto adolescente a teu lado? Quantas?

Tão insegura, tão ansiosa, busco pistas e indícios de que não perco tempo ao te esperar. É um ir e vir entre a alegria e a angústia, entre os momentos tão breves de riso ao teu lado e as horas que se arrastam, quase paradas, até nosso próximo encontro.

É um brincar cruel e infinito de despetalar margaridas (minha flor predileta, amor). Como se, ao puxar a última pétala, dizendo "bem-me-quer", fosses magicamente trazido para mim.

Como se, assim, eu pudesse curar teus medos - os meus, também - e pudéssemos nos encontrar em nossas escuridões, tornando-nos luzes um para o outro.

Para cada "bem-me-quer" que me dizes, colho, no meio dos meus temores, dois, três, quatro "mal-me-quer".

Bem-me-quer. Eu também gosto de você.

Mal-me-quer. Tens tuas dores. Não queres te abrir.

Bem-me-quer. Tens um sorriso largo só para mim, reparas em minhas mudanças, me elogias.

Mal-me-quer. Abres em teu coração uma frestinha em que te entrevejo, só para te esconderes no segundo seguinte. Queres teu espaço.

Mal-me-quer. Tenho medo de te perder. Sinto que te esvais pelo vão dos meus dedos. Te irritas com minhas inseguranças. Você é uma ótima amiga.

Bem-me-quer. Como foi seu dia?; boa noite, querida; gosto da sua companhia.

Como num filme ruim, essa margarida não fica sem pétalas. Vou marcando o placar, brincando de quente e frio, tentando te entender, te compreender, respeitar teu espaço - e não enlouquecer nesse meio tempo.

Mal-me-quer. Bem-me-quer.

Me queira. Puxe a última pétala, baby, diga "bem" e venha.

Plantemos nossas flores, não as despetalemos: sejamos felizes.

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