Das alegrias de uma irmã

O último post que fiz desejando feliz aniversário a alguém não pôde ser endereçado, por motivos de: o aniversariante sabe que é pra ele e isto já tá bem bom pra mim.

Hoje, a história é diferente: é aniversário da minha irmãzinha Tallia.



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Pensei em começar este texto dizendo como é difícil virar irmã mais velha depois de 4 anos sendo filha, neta e sobrinha única dos dois lados. Como é duro, na primeira infância, ouvir sem parar "Ela é pequena, dá a boneca / o brinquedo / seja-lá-o-que-você-tem-nas-mãos". Como é punk, na adolescência, ter de ouvir "Você é mais velha, tem que dar o exemplo".

Mas, no final das contas, não foi tão duro assim. Nunca tive esses pudores de "é meu". Não fui uma adolescente tão rebelde (aliás, não fui nada rebelde).

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Esta é uma de nossas (milhares) de fotos juntas que mais gosto.

Pensei em contar do dia em que ela nasceu. Como me lembro, em detalhes, da chuva que caía, do frio, das pessoas no quarto da minha mãe, do cheiro do hospital... de como meu pai me pegou no colo e eu fiquei pensando que aquela menininha cabeluda - cabelos pretinhos, lindos - era minha. "Só minha!", eu pensei, toda animada.

Mas aí eu lembrei que já contei esta história no Facebook num outro aniversário dela. E história repetida não tem graça.

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Daí eu pensei em contar pra vocês como é ser a "Tata" de alguém. Como é ouvir "Mas você é a minha irmã mais velha, você tem que saber!". Como é acordar com sua irmã chorando, angustiada, e fazer companhia pra ela durante a madrugada, pra só descobrir no dia seguinte que era só mais um episódio de sonambulismo (unf).

Como era, aos cinco anos, carregá-la no colo aos prantos todo santo dia no carro do vô; como ficava (e ainda fico, confesso) toda pimpona porque ela detesta que outras pessoas me chamem de Tata - diz que só ela pode me chamar assim.

Mas aí eu achei que ela podia se chatear porque eu queimei o filme dela (desculpa aí, irmã).

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Pensei, então, em listar suas qualidades. Dizer que quando tiro sarro de sua obsessão por arrumação, na verdade é uma baita duma inveja, porque sei que nunca na vida vou chegar nem perto de ser assim. Falar que admiro seu capricho, sua dedicação, o esforço e o esmero que ela coloca em absolutamente tudo o que faz. E faz tudo muito bem.

Contar que sempre a achei muito, mas muito mais bonita, mais simpática e mais descolada - e bem mais corajosa - do que eu. E que isso nunca me provocou despeito. Muito pelo contrário, queria que ela soubesse que ela sempre me foi uma inspiração.

Precisava dizer também da alegria que ela espalha ao seu redor. "Tallia" e "quieta" são antônimos, simplesmente não combinam. A casa sempre tem ecos de risadas quando ela está. Amorosa, sempre beija, acarinha e abraça com generosidade. Mas é econômica em suas lágrimas - vê-la chorando é motivo de muita preocupação para nós.

Seus abraços são sempre assim, apertados.

Aí, parei e pensei que estava sendo coruja um tantinho demais... ;)

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Irmã, outro dia eu compartilhei no Facebook um poema do Quintana que começa com "Amar é mudar a alma de casa". Sabe, eu sempre tive a sensação de que vivo um pouco em você, como você vive em mim.

Nós não somos apenas irmãs. Não temos apenas o mesmo sangue e a mesma carne: somos almas afins, espíritos unidos muito antes deste agora que vivemos. Não é à toa que nos pressentimos de longe, que falamos as mesmas coisas ao mesmo tempo e que, muito mais vezes do que posso me lembrar, nos defendemos mutuamente, sem precisar de um pedido.

Ter você em minha vida é ter a certeza de um porto seguro, de um coração aberto, da verdade absoluta (ainda que seja tão definitiva que doa) e, sobretudo, de amor. O mais puro dos sentimentos, que acolhe, que reúne, que perdoa...

Você é meu exemplo. E eu, minha irmãzinha linda, só posso rezar pra Deus te conservar com todas essas suas qualidades e te dar saúde, força e paciência pra realizar seus sonhos. Que eles cheguem todos, completos e perfeitos... e que eu possa estar por perto pra te aplaudir.

Amo você, muito e pra sempre. Parabéns!


Sempre juntas! <3

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