Meu vento



Tu ventaste em mim.
 
Nunca foste brisa: passaste por mim como aquele vento forte que anuncia chuva
e bate portas, levanta saias, bagunça os cabelos
e vira os guarda-chuvas, derruba vasos, balança cortinas.

Ventaste em mim, e eu previ a chuva.
E mesmo com medo, mesmo com o coração partido, eu fui. 

Eu quis caminhar nesta chuva forte de verão, porque só via os teus olhos brilhantes e só ouvia o teu doce falar musical. Só ouvia o teu 'vem, menina'.

Foste um furacão. Me dominaste.
Tomaste minha amizade desde o primeiro minuto.
Me arrancaste meu afeto quase aos murros. E quando cedi, quando o dei, quando pedi que virasses uma brisa gostosa de mar... te fostes. Sem nem um adeus. 

Sou hoje uma terra arrasada. O que sobrou. Sentindo tua falta a cada minuto, com escombros patéticos e afetos solitários. Transbordando. De lama, de choro, de água, de dor.

Sem ti.
Esperando que voltes a ser calmaria.
Em mim.


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