12. Dia dos...?

Céu azul. Frio. Muito, muito frio.

Uma faixa de céu azul visível pelo vão da janela. A cama, branca, branca, branca.

O frio, em minutos, passou. A pele ainda ardia, gelada, mas embaixo do cobertor, os corpos de ambos queimavam. De tesão, de ansiedade, de algo quase como um bem-querer nascendo ali. 

Um bem-querer. Ela deu um passo, aproximando-se do abismo em um dia frio. Medo... medo daquele homem envolvente, de gostar demais do beijo, do toque, do cheiro. De gostar de ficar ali naqueles braços fortes, e querer mais. E se ele não quiser mais nada além de hoje?, pensou ela, aflita.

Que se dane. Depois eu penso. Depois.

Naquele momento, ela ansiou pela pontada de dor que sabia que sentiria. Ele deslizou para dentro da moça com força, e doeu, mas ela queria mais. Queria ele, inteiro, todo, pulsando, em si. 

Doeu. E o coração dela parou um pouquinho quando, lá dentro, ele se aproximou, a olhou nos olhos, e tremeu. 

Ele era um homem grande: alto, forte e cheio de si. Mas ali, estava tão trêmulo quanto ela. E isso deu um nó lá no fundo do estômago da moça: será...?

Ela se perdeu nele. Se esqueceu de si mesma, dos medos, das dores e dos dissabores, ali, sem fôlego, embaixo dele, acolhendo-o dentro dela, mexendo junto até que viraram só um, em um movimento só. 

Nossa. Foi bom, de um jeito que eu não esperava. Eu queria mais, ali mesmo, do jeito que estávamos. Logo depois de gozar, queria mais. Queria me esquecer de mim nele. Foi delicioso demais. Eu amei cada momento. 

Um domingo. Céu azul. Frio, um aquecedor, dois corpos nus e as janelas embaçadas. E um bem-querer, quem sabe, surgindo ali...

...será? 

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