Me diz. Me ensina.
Por favor, me conta como seguir. Como não derramar lágrimas hoje. Ontem, amanhã. De noite.
Me conta como não lembrar de você quando ponho o anel no polegar direito. Como não lembrar da água, do "como?" pra me fazer repetir meus barulhinhos estranhos e me fazer rir, de você me conduzindo do lado de dentro da calçada?
Me diz. Diz que eu não tenho que sentir tua falta quando vejo bolo de cenoura. Diz que você não foi nada, que nem se lembra de mim, que não sorri quando vê crianças, que não pensa em mim nem quando vê suco de maracujá.
Me ensina como seguir sem a sua mão leve no meu cabelo, sem os seus sussurros no meu ouvido. Sem mais "meu bem". Como faço?
Como viver com tudo o que eu não te disse entalado na garganta, com as possibilidades que não se concretizaram, com todos esses beijos e abraços e carinhos? Com meu amor, tudo isso que é só seu?
Me diz, meu querido. Me conta, como é que eu vou seguir?
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
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