Ampulheta


O bater de asas.
Uma gestação.
Num piscar de olhos, no evaporar de uma gota d'água.

Tão rápido quanto um leopardo.
Tão vagaroso quanto o desabrochar de uma flor.
Obedecendo ao movimento das marés.
Cumprindo o ciclo lunar.

Um sorriso - o seu, rápido, fugaz, fugidio.
Uma lágrima, correndo lentamente até meus lábios.
O ímpeto brusco e quase paralisante que tenho de tocar você, a cada vez em que nos aproximamos.
A calma que sinto quando você diz meu nome (e que só seria mais feliz se eu voltasse a te ser Tassinha).

O brilho em seus olhos escuros quando conversamos.
O tempo de um acorde.
O som grave de sua risada cristalina, amor. Ah, a sua risada.
A duração de uma sinfonia.

Uma estação inteira.
A vida (tão breve) de uma borboleta...
O arrepio - que eu não deveria, mas ainda sinto - me correndo coluna abaixo, quando você coloca sua mão fria de levinho na minha.

Todos os filmes que eu queria te apresentar.
Os livros que gostaria tanto, tanto, de compartilhar com você.
As poesias. Ah, as poesias, e as músicas, coração... e você me pergunta porque sorrio quando você canta.
E você ainda acha que eu me desconcentro só quando você canta.

Um sábado à noite.
Uma tarde preguiçosa e morna de domingo.
Pensando bem, a semana inteira; com pensão completa, café-almoço-jantar.
Eu cozinho, você lava. De noite, a gente troca.

Você, fogo e água, num conflito eterno. Dois lados de um cabo de guerra disputando um homem.
Eu: ar, alimentando o fogo leonino, incontrolável, furioso, selvagem.
Você, pragmático até a raiz dos cabelos. Cartesiano, irônico e cheio de convicções.
Eu, emocional desde o berço. Romântica e ingênua até o útero.

(agora, eu entendo tanta discussão, baby)


A joaninha esquisita que eu mais gosto.
Lembra dessa tirinha?. ;)


Acordar junto.
Dormir? Junto, é óbvio.
E passar a noite em claro, também, contando as estrelas, de mãos dadas, sem ter de ver o céu, porque elas estarão em nossos olhos.
Porque, com você, meu bem, até mesmo a rotina.
Que bom, puxa, ter rotina. Justo eu, que não sei nada de um dia depois do outro...

Um segundo.
Duas horas que toda semana me escoam como grãos de areia em uma ampulheta.
Sete dias que custam a passar.
A vontade inesgotável de conversar com você, de contar tudo, de abrir o peito e me mostrar, completa, insegura, imperfeita... que a custo domino e sufoco dentro de mim.

É assim, meu querido, que espero e anseio por você.
Ainda.

Só pra você eu tenho os olhos e meu coração
Espero o teu sorriso e as tuas mãos

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