- O fim -

"O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."
__ João Cabral de Melo Neto, em "Os três mal amados".

O fim chegou e me pegou de surpresa. Me arrebatou, na hora em que eu voava, livre, de braços abertos, sorriso largo e olhos brilhantes.

Eu não esperava. Na hora em que parei de pensar "será que ele só está esperando alguém melhor que eu?", tudo acabou.

Na hora em que amei, ele se foi. Chorando, pedindo desculpas por me fazer sofrer, mas ainda assim não se bastando com meu amor. Escolheu a solidão e a incerteza.

Mas ele, o amor, me deu tantas coisas boas. Me deu sorrisos, me deu estrelas nos olhos. Me fez me sentir bonita e desejada como poucas vezes na vida.

Eu cantei. Eu senti borboletas no estômago. Eu fiz das tripas coração pra estar com ele, e contive tanta ansiedade, e apostei.

E faria tudo de novo. Ainda que soubesse.

E só lamento que ele não tenha podido andar no mesmo compasso. Que a armadura não tenha se partido. Que eu, inábil, incapaz, incompetente, não tenha podido tocar seu coração. Que não tenha levado a paz a ele, como me senti em todas as vezes em que estivemos juntos.

Que ele não tenha sorrido como eu sorri, com uma luz nos olhos e uma certeza no peito.

A mim, o amor só me fez renascer. Não comeu meus dias, ou meu verão. Só devorou meus medos e me deu asas - mesmo que tão brevemente.

Mesmo partindo subitamente, num sopro incompreensível.

Comentários

  1. Tenha certeza de que não há inabilidade, incapacidade ou incompetência se quem usa armadura não quer que ela se parta.Lembre-se dos bons momentos! Esqueça as dores! Dê paz ao seu coração. (MIMC)

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