Esta carta foi escrita pela moça das histórias publicadas aqui e aqui. Para entender este texto, leia primeiro os contos "Another brick in the wall" e "Carta para uma amiga".
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Meu querido,
Hoje eu me sentei na sua frente, como faço há tantos meses. E, pela primeira vez, meu coração não disparou. Pela primeira vez, não me perdi nos seus olhos escuros, nem nas suas mãos, tão lindas.
Não suei gelado, não tremi.
Finalmente, eu consegui prestar atenção no que você dizia, e não em você.
De um jeito estranho, me sentir assim não me deu alívio. Não me deu alegria, nem me tirou um peso do peito. Fiquei melancólica, por tudo que poderíamos ter sido.
Tive uma vontade imensa, querido, que agarrar você pelos ombros e chacoalhar com força, dizendo Ei, presta atenção. Eu estou aqui... escorrendo pelo vão dos seus dedos, homem. Não me deixa escapar, não me deixa. Segura minhas mãos!
Estou parada no limiar da porta, com o pé pra fora, descobrindo o que é ser desejada. Descobrindo o brilho no olho do outro quando me vê. Me enxergando como uma mulher bonita, sim (talvez não o que você idealiza, mas me sentindo bonita, o que é muito, muito melhor). Estou, de uma vez por todas, entendendo que não preciso implorar atenção. Nem afeto. Tenho ganhado tudo isso - olha que maravilha! - sem nem pedir.
E, sim. Tô bem contente, feliz mesmo, mas me entristece saber que podia ter sido você. Saber que tive de levantar a cabeça, dar as costas pra nós dois e seguir, sozinha.
Hoje, pela primeira vez, beijei seu rosto casualmente na hora de ir embora. Não acariciei seu rosto, não puxei você para um abraço. Sabe o que mais? Só percebi isto agora, enquanto escrevia pra você.
Percebi que doeu. Mas hoje não dói mais, meu bem.
Como você pediu, hoje eu sou só sua amiga.
Fica bem. E, claro, se cuida.
T.
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Meu querido,
Hoje eu me sentei na sua frente, como faço há tantos meses. E, pela primeira vez, meu coração não disparou. Pela primeira vez, não me perdi nos seus olhos escuros, nem nas suas mãos, tão lindas.
Não suei gelado, não tremi.
Finalmente, eu consegui prestar atenção no que você dizia, e não em você.
De um jeito estranho, me sentir assim não me deu alívio. Não me deu alegria, nem me tirou um peso do peito. Fiquei melancólica, por tudo que poderíamos ter sido.
Tive uma vontade imensa, querido, que agarrar você pelos ombros e chacoalhar com força, dizendo Ei, presta atenção. Eu estou aqui... escorrendo pelo vão dos seus dedos, homem. Não me deixa escapar, não me deixa. Segura minhas mãos!
Estou parada no limiar da porta, com o pé pra fora, descobrindo o que é ser desejada. Descobrindo o brilho no olho do outro quando me vê. Me enxergando como uma mulher bonita, sim (talvez não o que você idealiza, mas me sentindo bonita, o que é muito, muito melhor). Estou, de uma vez por todas, entendendo que não preciso implorar atenção. Nem afeto. Tenho ganhado tudo isso - olha que maravilha! - sem nem pedir.
E, sim. Tô bem contente, feliz mesmo, mas me entristece saber que podia ter sido você. Saber que tive de levantar a cabeça, dar as costas pra nós dois e seguir, sozinha.
Hoje, pela primeira vez, beijei seu rosto casualmente na hora de ir embora. Não acariciei seu rosto, não puxei você para um abraço. Sabe o que mais? Só percebi isto agora, enquanto escrevia pra você.
Percebi que doeu. Mas hoje não dói mais, meu bem.
Como você pediu, hoje eu sou só sua amiga.
Fica bem. E, claro, se cuida.
T.
Aqui: https://www.youtube.com/watch?v=buqtdpuZxvk, e aqui: https://www.youtube.com/watch?v=mzlCdWwYn2I - não parece ter nada a ver, mas tem :)
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